quinta-feira, 19 de maio de 2011

Romance Romântico Regionalista e Histórico

Romance regionalista


O maior mérito de Alencar, aqui, é o de ter inaugurado um caminho que se revelaria muito proveitoso para a literatura brasileira. Ao colocar o foco sobre as realidades regionais do Brasil - no Rio Grande do Sul, em "O Gaúcho"; no interior de São Paulo, em "O Tronco de Ipê", no Nordeste em "O Sertanejo" -, Alencar logo conquista seguidores, que também fariam literatura regionalista, como o Visconde de Taunay e Bernardo Guimarães, ainda no século 19.

Contudo, é no século 20 que o regionalismo vai se manifestar com grande vigor na literatura brasileira, gerando grandes autores a partir da década de 30. São muitos os autores regionalistas que podemos destacar e que produziram obras-primas para a literatura brasileira de um modo geral. Entre eles, é impossível deixar de citar José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo e João Guimarães Rosa.
 

O Gaúcho, José de Alencar
O Gaúcho, de José de Alencar, é um romance narrado em terceira pessoa. Nesta obra, José de Alencar retrata o Brasil, principalmente os Pampas, focaliza ambientes brasileiros, afastados das riquezas. No capítulo II do livro I, podemos contemplar a paisagem do sul do Brasil: o gaúcho a cavalo correndo pelos pampas. Este romance, publicado em 1870, foi o primeiro da série com qual Alencar tentou um "retrato do Brasil", focalizando ambientes brasileiros afastados do bulício da corte.

Enredo
Conta a vida de um menino de 9 anos, Manuel Canho, que admirava muito seu pai, João Canho, grande conhecedor de cavalos. Presenciou o seu assassinato de forma covarde por Barreda. Manuel Canho jurou vingar-se e por muitos anos seguiu os passos do assassino. Seu pai morreu confundido por outra pessoa, que teria namorado a mulher de Barreda. Loureiro era o homem que deveria morrer.

Loureiro, por sua vez, quando soube do ocorrido veio visitar a viúva de Jaoão Canho e apaixonou-se por ela e com ela se casou. O filho de João Canho, Manuel, nunca aceitou o Loureiro, que tentando montar no cavalo do defunto, este o matou, como se quisesse vingar seu dono.

Após a morte do padrasto Manuel juntou dinheiro para não deixar sua mãe desamparada e à sua irmã, filha de Loureiro, a qual o menino nunca aceitou. Foi falar com o padrinho coronel Bento Gonçalves sobre a sua vingança e neste trajeto viveu peripécias ligadas à guerra dos farrapos, mas particularmente a seu padrinho.

Quando chegou à cidade de Entre-Rios, onde morava o assassino, é desafiado a domar uma égua, aceita o desafio e fica com ela. Como achassem impossível montá-la, começaram a dizer que ela tinha parte com o diabo. Para ele o cavalo era muito importante, aprendeu com seu pai, seu ídolo a gostar e respeitar os animais. Pensava se o homem é o rei da criação o cavalo serve de trono, como o peixe precisa da água, o gaúcho precisa do cavalo para existir. Percebeu que a égua havia parido a pouco tempo e tinha sido afastada de seu filho, resolveu encontrá-lo. Achou-o em uma caverna e a mãe começou a acariciar e alimentar seu filho, o animal sobreviveu.

Provando que não é só amor, paixão e culto à maternidade, é principalmente uma reprodução da existência. À noite depois de quatro dias chegou à pousada com os dois. No dia seguinte foi a casa onde o assassino estava e o encontrou moribundo e abandonado, porque estava com uma doença chamada “bexiga” que era contagiosa. Quando este lhe pediu água, ele deu e cuidou dele até melhorar. Por ironia do destino salvou seu inimigo. Ainda poderia ver a mulher que foi a culpada da morte de seu pai.

Voltou para sua casa sem ter cumprido a promessa de vingar seu pai. Lá encontrou sua mãe e a sua irmã, que lembrava o homem que tinha causado a morte de seu pai. Por mais que ela gostasse dele, ele não se aproximava. Um dia esta aproximação aconteceu por causa de um potrinho, de nome Juca, como seu irmão que havia falecido. Um dia ela brincava com o potrinho e Manuel a viu e a abraçou, e uma nova família surgiu. Mas a vingança não o abandonava e um mês depois voltou à cidade e três meses depois encontrou com o assassino, falou quem ele era e porque estava ali. Travaram uma luta, foi uma batalha honrada e no final ele fincou a lança no peito do desgraçado, mesmo com a mulher implorando que não fizesse. Só ficou com pena do cavalo, pois para este Barreta seria sempre o dono.

Depois de ter se vingado, se aproximou de Catita, uma moça que na primeira viagem tinha conhecido. Durante a outra viagem ela tinha se envolvido com outro homem, mas quando ele regressou ela pediu perdão, jurando amor e fidelidade. Manuel afastou-se no seu cavalo, mas ela lançou-se a garupa. A história termina com os dois cavalgando numa louca carreira em meio a uma tempestade e ventos zunindo.



Romances históricos


O romance histórico é um subgênero do romance que não deu muito certo no Brasil, mas não se pode acusar Alencar por isso. Em seus romances dessa categoria, ele procurou mostrar que o Brasil independente tinha raízes na Colônia. De resto, convém lembrar que se debruçar sobre o passado "brasileiro" propriamente dito seria se debruçar sobre o Brasil pré-cabralino e aí entramos na seara do romance indianista. O romance histórico faz mais sentido na Europa onde as tradições medievais de cada nação forneciam matéria narrativa e efetivamente refletiam as origens de cada país.

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